Entrevista com Miriam Galeano

Miriam Galeano, 25 anos, a Perlita del Paraguay, foi uma das atrações da primeira Mostra Lunares de Flamenco. Natural de Assunção, casada com o guitarrista Jony Gonçalves, ela revela nesta entrevista exclusiva tudo sobre a sua relação com o flamenco, dos primeiros passos a temporadas no exterior.

 

Miriam Galeano
Miriam Galeano, bailaora,
a Perlita del Paraguai

Lunares: De que maneira o flamenco chegou em sua vida?
Miriam Galeano: Minha mãe é professora de dança no Paraguai. Comecei dançar aos cinco anos. Aprendi ballet clássico, dança espanhola e paraguaia. Aos doze anos conheci o flamenco. Desde então nunca mais me afastei. Fiz aulas, participei de concursos e ganhei bolsas de estudo que me levaram ao Chile e ao México.

L: O que o flamenco significa para você?
MG: Uma catarse. Às vezes me pergunto: o que flamenco fez da minha vida? Deixei tudo pelo flamenco. Deixei o meu país e a minha família. Poderia ter feito uma faculdade, trabalhar em uma área qualquer e de repente viver muito melhor do que estou vivendo agora. Mas o flamenco me dá outras coisas que nenhuma outra profissão me daria.

L: Você foi escolhida pelo flamenco?
MG: Não sei se o flamenco me escolheu ou se foi uma escolha minha. O importante é que o flamenco e eu estamos juntos. O fato é que o flamenco chegou em mim. Não corri atrás dele. O flamenco chegou, eu gostei e estamos juntos.

Miriam Galeano
Miriam Galeano em tablado japonês

L: Você se entrega plenamente ao flamenco?
MG: O flamenco evolui rapidamente. Se na Espanha se estuda o dia todo, aqui temos de estudar de dia e de noite. É preciso estudar. Muito. Durante anos sonhei dançar na Espanha. Meu sonho era me apresentar no Tablao Las Carboneras, possivelmente o mais importante tablado espanhol. Graças à minha perseverança cheguei lá e o meu sonho se tornou realidade. Imagine se eu não estivesse preparada? Surgiu a oportunidade e eu estava. Por isso me preparo. Me dedico. E estudo porque isso me faz bem.

L: Como foi a temporada Japão-Espanha-Japão?
MG: Estive, junto com o meu marido Jony Gonçalves, de 2005 até junho deste ano no Japão antes e depois de um período na Espanha. A bailaora Argentina Natália Meiriño conheceu o nosso trabalho aqui no Brasil e nos indicou para uma grande escola japonesa. Oito meses depois, fomos convidados para uma temporada no Tiempo Iberoamericano, na cidade de Fukuoka. Lá, eu tinha 120 alunas. Trabalhava todos os dias, com folga apenas nas terças-feiras. Fazia uma média de cinco shows por mês. Tive um crescimento muito grande enquanto professora porque as alunas japonesas são dedicadas, até demais. Elas querem aprender sempre.

L: Esse retorno ao Brasil, especificamente para Curitiba, foi programado?
MG: Eu e o Jony vivenciamos essa temporada no exterior. Mas poucas pessoas nos conhecem aqui no Brasil. Agora é o tempo de atuar por aqui. Queremos mostrar o nosso trabalho e fazer o flamenco crescer em Curitiba. E o mais importante de tudo, estou grávida, e eu e o Jony queremos que o nosso filho nasça aqui.

L: Você é conhecida artisticamente como “Perlita del Paraguay”. Como surgiu esse nome?
MG: O bailaor espanhol Pol Vaquero veio dar um curso no Rio de Janeiro. Numa noite, depois que me apresentei, o Pol me disse: “Muito bem, Perlita del Paraguay”. Eu quis saber por que “Perlita”. E ele falou: “Porque você é uma Perlita, uma pérola”. Antes já haviam sugerido outros nomes e eu nunca havia gostado. Mas gostei de “Perlita del Paraguay” e desde então o uso como meu nome artístico.

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