Entrevista com Diego Zarcón

Diego Zarcón, 32 anos, cantaor. Carioca, sua voz tem ressonância e presença nos principais espetáculos flamencos do país. Ele foi um dos convidados especiais da primeira Mostra Lunares de Flamenco em Curitiba. Nesta entrevista exclusiva, Diego fala da sua trajetória, da cena flamenca no país e de outras nuances desta manifestação cultural.

Lunares: Como o flamenco entrou em sua vida?
Diego Zarcón: De forma transformadora. Foi um marco na minha vida pessoal e artística. Porque me identifiquei com toda a sua carga emocional, liberdade, verdade e espontaneidade. Sempre gostei muito do canto flamenco, desde o mais antigo ao mais contemporâneo. Me profissionalizar como cantaor surgiu a partir de uma necessidade de suprir a carência de cante ao vivo nos espetáculos de flamenco no Brasil. Anteriormente, eu era bailarino, e na realidade ainda sou.

Diego Zarcón
Diego Zarcón, cantaor

L: O que o flamenco representa para você?
DZ: Vida, força, auto-estima, fúria, purificação e alegria de viver.

L: O que mais marcou a sua trajetória no flamenco?
DZ: Valorizo muito o passo a passo. O suor que a gente gasta para alcançar um objetivo. E melhor, encontrar no caminho pessoas que acabam fazendo o seu trabalho ter mais brilho, mais força e fazer a diferença. Existem três casais que tem importância na minha trajetória. Tiza e Allan Harbas, Yara Castro e Fernado de La Rua e Jony e Miriam. Sem esquecer de Mara Lucia Ribeiro, Simone Abrantes, entre muitos e muitos outros.

L: Um profissional brasileiro precisa necessariamente viajar para a Espanha para se aprimorar no flamenco ou é possível ter experiências enriquecedoras aqui mesmo no Brasil?
DZ: Na década de 1990 não havia as facilidades atuais, por exemplo, de se ter acesso a materiais de dança, CDs e vídeos. E a informação que chegava não era muito atualizada. Hoje temos ótimos workshops internacionais com bailaores que vem de lá da Espanha, algo em torno de seis a sete por ano. E temos até trajes e instrumentos de percussão produzidos no Brasil que já estão fazendo a cabeça dos espanhóis.

L: Como você analisa a cena flamenca do Brasil neste momento?
DZ: Nossa, está a mil por hora. Admiro muito artistas como Tiza e Allan Harbas, lutando e promovendo os seus eventos, que sempre fazem sucesso. As outras produções nacionais também estão bárbaras. Fabio Rodrigues está cada vez mais se destacando como grande coreógrafo. No baile é preciso citar Stéfano Domit e Pedro Fernández, que fazem de tudo: cantam, dançam, sabem de música. Jony e Miriam são dois artistas que eu admiro muito e que junto com eles o meu trabalho sempre faz a diferença. Yara Castro que sempre me surpreende com suas novidades artísticas e experiência profissional que ela traz de lá da Espanha.

L: O que você espera desse projeto flamenco que inicia em Curitiba?
DZ: Estou muito animado e ansioso. Porque para mim, é sempre um novo recomeço. Poder depositar vibrações de esperança de dias felizes. E poder cativar cada vez mais pessoas que por um instante possam ter uma identificação com todo o nosso esforço e a nossa verdade. O Bar Madrid tem um ambiente superautêntico, bonito, comida boa, é aconchegante e tem todo o clima necessário para uma noite inesquecível. Que seja o primeiro de muitos.

There are 1 comments

  1. Rita de Cássia Campos

    Hoje 27/01/2020 conheci Diego num espetáculo aqui em Salvador BA. Promovido pelos Caballeros de Santiago , Diego e espetacular como intérprete e bailaor impressione sua magia ao cantar e dançar o flamenco eu não o conhecia e jurava que ele era espanhol de Andaluzia. Parabéns Diego você realmente um grande artista.

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