Entrevista com Jony Gonçalves

Jony Gonçalves, 25 anos, guitarrista, foi um dos destaques da primeira Mostra Lunares de Flamenco, que aconteceu em Curitiba em outubro de 2007. Casado com a bailaora Miriam Galeano, vive o flamenco. Nesta entrevista exclusiva, Jony comenta a sua relação com a misteriosa música espanhola.

Jony Gonçalves
Jony Gonçalves, guitarrista

Lunares: Como o flamenco entrou na sua vida?
Jony Gonçalves: Ganhei um violão quando eu tinha cinco anos. Aos sete comecei a fazer aula. Inicialmente aprendi música brasileira. O tempo passou e fui tocar na noite. Acompanhava duplas sertanejas. Há sete anos eu estudava harmonia e improvisação com o Luciano Romanelli, um excelente músico aqui de Curitiba. O Romanelli me apresentou o flamenco e imediatamente aquele som me tocou. Até então eu nunca tinha tido nenhum contato com a música flamenca. Dessa forma, meio por acaso, iniciei a minha trajetória no flamenco.

 

L: O que chamou a sua atenção na música flamenca?
JG: Em primeiro lugar, a técnica. O rasgueado, por exemplo, é algo que só existe na música flamenca. É um toque forte, violento, único. Depois, descobri que o flamenco permite muitas maneiras de expressar sentimentos, seja euforia, amor, angústia ou melancolia. Ao mesmo tempo, o flamenco também é uma forma de viver. É impossível tocar flamenco sem estar envolvido profundamente com aquilo. O flamenco exige comprometimento. Não se pode fazer flamenco de maneira superficial. Flamenco é entrega.

L: O fato de estar casado com uma bailaora facilita o estudo e o envolvimento com o flamenco?
JG: Certamente. Interessante é que eu e a Miriam temos o mesmo nível de percepção do flamenco. Crescemos juntos. Se eu não tivesse conhecido a Miriam possivelmente não teria me aprimorado tanto. Eu elaboro sons e pra não esquecer peço a ela para taconear. Assim estudamos e criamos em parceria. Temos uma sintonia incomum, que talvez não teríamos se não estivéssemos vivendo juntos. Ela é um espelho do que faço, e vice-versa.

Jony Gonçalves
Jony e sua guitarra flamenca

L: Como foi a temporada no Japão?
JG:
O Japão é o lugar que mais tem escolas de flamenco no mundo, mais do que na Espanha. Tem até mais japoneses do que espanhóis fazendo aula de flamenco na Espanha. Eu tinha muita dificuldade para me comunicar no Japão. Então, praticamente 100% do meu tempo lá era dedicado ao flamenco. Quando não estava trabalhando, eu estudava. Na segunda temporada japonesa, depois de ter passado pela Espanha, aproveitei muito. Pude aplicar tudo o que aprendi com os professores espanhóis. Eu me apresentava todas as noites. E tinha duas ou três horas diárias para estudar técnica. Evoluí muito enquanto guitarrista durante a temporada no Japão.

L: O que fez você e a Miriam voltarem para o Brasil, especificamente para Curitiba?
JG: Curitiba sempre esteve em nossos planos. Desembarcamos aqui dia 5 de junho. Compramos um apartamento. A Miriam está grávida e decidiu ter o filho em Curitiba. Estamos dando cursos. Vamos fazer shows. As coisas, enfim, estão acontecendo. Inclusive esse projeto. É uma idéia que já deveria ter sido concebida há muito tempo. Porque vai aproximar toda comunidade flamenca, os profissionais da cidade e os de fora. Todos vão ganhar, sobretudo Curitiba, que a partir de agora passa a contar com um evento que deve colocar a cidade no calendário flamenco brasileiro.

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