“Um baile em arte flamenca” – versos por Renata Schiavon

John Singer Sargent, La Carmencita - bailaora - 1890

John Singer Sargent, La Carmencita – bailaora – 1890

Recebemos recentemente um poema da leitora Renata Schiavon e resolvemos compartilhar. Adoramos o texto e agradecemos o seu carinho, Renata!

Abaixo o poema e a mensagem recebida:

Serve um poema, feito com muito carinho, como reconhecimento pelo importante trabalho do Flamenco Brasil?

Um baile em arte flamenca

Numa tela em branco
reluzia
um ponto vermelho
que surgia.

Uma alma
de história sanguenta,
contada por um corpo
como se fosse letras.

Com formas, poesias, poses e cores,
escrevia a história de um povo em dores.

Quase não era dança, no sentido de coreografar.
Quase não era corpo, no sentido de movimentar.
Aquilo era, antes de tudo, a verdadeira arte de bailar.

Um som,
a mais bela sinfonia,
o cante, a guitarra, os pés,
numa só melodia.

Como a luz na obra do pintor,
atua a bailaora na mudez do cantaor.

Quase não era música, no sentido de respirar.
Quase não era voz, no sentido de modular.
Aquilo era, antes de tudo, a verdadeira arte de cantar.

Um pulsar,
num silêncio ardente,
o mouro marca com o tacón
o cantaor ausente.

De repente o coração vibra nessa aceleração.
Inicia na alma, um espetáculo de grande emoção.

Quase não eram passos, no sentido de ritmar.
Quase não eram pés, no sentido de pisar.
Aquilo era, antes de tudo, a verdadeira arte de sapatear.

O duelo começa,
numa lenta entoada,
vai até a exaustão,
como uma bela tourada.

Mas o mouro, em alma, perde aspereza,
diante do olhar da espanhola, de pura dureza.

E assim como um quadro que só falta assinatura,
um Olé, juntos, a dupla murmura.

Quase não era espetáculo o que eu assistia,
era a arte de apreciar, o que além do baile acontecia!

abraços,
Renata

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