A paulistana Renata Sucupira, advogada que tem a escrita como seu principal instrumento, também aprendiz de Flamenco, apaixonada e envolvida com a arte há mais de 8 anos, começa a escrever versos inspirados em ” Los Tarantos” (1963) de Francisco Rovira Beleta:
DEBANDADA
Nele alcanço a banda de lá e a de cá,
não sem me aperriar!
A voz de Carmen Amaya,
em perfeita atadura com seu baile,
varre esse perrengue
para além do êxtase de:
parecido com isso um dia bailar!
Do último ensaio do taranto, a ordem:
– Ouça, palmeie e solfeje o sapateado;
automatize os contratempos;
Identifique os sincopados!
Chamar o cante demanda progressão ascendente
que incrementa a letra por vir:
movimentos provocativos,
pés acompanhando o metrônomo,
mas não na intensidade
e olhar – esse anuncia a sentença –
eis o cenário para a angústia se delatar: por taranto!
Das minas da província de Almeria,
Esse grito alisa os que ficam
dos que se foram, soterrados.
E se solidariza com os que
prendem o ar,
para poder depois soltar,
ao constatar que ainda não foram requisitados.
Se a guitarra o ritmo marca: Taranto é!
Se, ao contrário, plaina livre
limitando-se a dar respostas ao cante: Taranta!
Contraste de cantos
cobertos de melismas,
untando as rachaduras
Daquelas circunstâncias.
Palo jondo, medo,
Aqui antecipação mental de um mal;
Tempo verbal futuro.
Emoção básica,
música e dança flamenca.
“Hermosa Virgen de Gádor/que estas al pie de la sierra/
ruega por los mineritos/ que están debajo da tierra.
Mantón rojo me congela.
Já em outras bandas, me certifico:
Trajeto pretendido: banda de cá pra banda de lá
Trajeto percorrido: Pompéia à Andalucía!
Caramba você é uma poeta de verdade. Como tenho lido muita poesia fiquei feliz de conhecer seu dom. Mais.uma faceta para curti-la. Bjs