Entrevista com La Choni durante Festival Flamenco de SJC

“A dança é o único instrumento que eu tenho para expressar os meus sentimentos e, portanto, a melhor maneira de mostrar quem eu realmente sou “- La Choni

 A 12° edição do Festival Internacional de Flamenco, reuniu neste ano grandes artistas brasileiros e teve como atração internacional a sevilhana Asunción Perez – “La Choni”- uma das artistas mais populares da cena flamenca contemporânea.

La Choni se iniciou no baile muito jovem com o maestro Antonio Zarandilla que a direcionou mais tarde ao Conservatório de Sevilha, onde obteve o título de professora de Danza Española. Nesse período, fez cursos com Manolo Marín, Granero, Azorín e Goyo Montero. Posteriormente, aperfeiçoou-se com artistas como Javier Latorre, Israel Galván, José Antonio Ruiz e Javier Barón. Fez parte das companhias de dança de Mario Maya, José Joaquin, Antonio “El Pipa”, Rafael de Carmen e Eva Yerbabuena.

Desde 2007, conduz sua própria companhia: “La Choni Cía Flamenca” com a qual criou e executou, cheia de personalidade, peças como “Tejido al Tiempo“, “Retahila“, “Flamenco a tres” e “La Gloria de mi mare “.

Na programação do Festival foi exibido o documentário sobre o espetáculo de sua companhia ‘La Gloria de mi Mare’, indicado aos prêmio Max de teatro na categoria de Melhor Espetáculo de Dança. O espetáculo mistura Flamenco e  Cabaret (Teatro) que, para Choni, são artes que tem no improviso sua intersecção.

No Festival Internacional de Flamenco, La Choni, além de ministrar cursos  e workshops de dança flamenca,  participou como convidada do espetáculo internacional “Aromas de Sevilla”, dirigido por Talita Sánchez. O festival é pioneiro em promover esse tipo de espetáculo que reúne artistas brasileiros e espanhóis. O principal objetivo é o intercâmbio, não apenas dentro da sala de aula, mas no palco. “Abrimos esse campo de integração entre os artistas, músicos e bailaores espanhóis e brasileiros. Uma conquista! Hoje, observamos que o resultado foi frutífero”, diz a bailaora Ana Guerrero, uma das idealizadoras do FIF.

O show “Aromas de Sevilla” foi apresentado ao lado de renomados artistas brasileiros no encerramento da edição 2015. Fizeram parte do espetáculo: Jony Gonçalves, Micael Pancrácio ( Violão flamenco),  Alvaro Damazo (baixo acústico), Fernando de Marília( cante), Ozir Padilha ( coros), Sergio Janicki (violino), Pedro Fernandez (percussão) , participação especial de Flavio Rodrigues (cante). No corpo de baile, Ana Marzagão, Anderson Alves, Jonas Ruedas, Marianna Guerrero, Nicoli Ayres, Renata Nunes e Talita Sánchez.

Da escola Sevilhana, apaixonada pela bata de cola e pelos elementos (mantón e abanico), mostrou quem era na Guajira e nas Alegrias que bailou no espetáculo de encerramento do Festival em São José dos Campos.

Conversamos um pouquinho com ela, no intervalo entre as aulas e os ensaios. Confira entrevista e trechos do espetáculo ” Aromas de Sevillha”.

Por que “La Choni”?

 “La Choni” porque Choni é meu nome: é o diminutivo de Assunción. Desde pequena em minha casa, me chamavam de Choni. Quando comecei a bailar e ganhar um pouco mais de nome, se diziam Assunción, as pessoas não sabiam quem era. Ficou Choni!

Como começou a dançar flamenco?

Desde pequena. Meu avô cantava flamenco e daí vem a afición da minha mãe; e minha tia também canta um pouquinho, mas por afición, não profissionalmente. Tenho uma irmã mais velha que canta fado, mas começou com o tempo, não desde pequena como eu.  Eu é que tinha muito claro desde criança que queria ser bailaora.

Quais são suas influências no flamenco: cantaores, bailaores?

Muita gente, na verdade. Há referencias muito claras: homens (Antonio Gades, Mario Maya); mulheres com bata de cola (Milagros Menjibar e Matilde Coral); sem bata -Eva Yerbabuena – com quem trabalhei e que pode ser uma de minhas referencias e das antigas (Pilar Lopez). Mas na verdade é uma mistura de todas essas influências: cada uma tem seus estilo.
Como você enxerga a evolução do flamenco?

 Minha companhia é partidária da fusão do flamenco com outras disciplinas para fazer coisas diferentes do flamenco tradicional. É verdade que tem que se respeitar um pouco a essência, o legado que nos deixaram os maestros. Não se deve fazer algo moderno e diferente para ser moderna e diferente, tem que haver um sentido. Eu realmente gosto do caminho que o flamenco está tomando.

Você tem um projeto atualmente que é uma fusão, não?

 Sim. Temos agora uma fusão de contemporâneo, um flamenco contemporâneo que é “Compás de Espera” que acabou de estrear. Há um outro projeto “La Gloria de mi mare” que uma fusão com o teatro, cabaret. E há ainda um outro que é uma fusão com circo que é “Malgama” .

 

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