No dia 28 de julho no teatro Itália em São Paulo/SP, Carmen La Talegona, bailaora flamenca nascida em Córdoba na Espanha e sobrinha do célebre cantor Talegón de Córdoba , nos presenteou mais uma vez com o espetáculo “Oro Molido”, que significa em português, Ouro Moído.
O corpo de baile dourado uniu o flamenco brasileiro e formou-se pelas bailaoras nacionais Ale Kalaf, Ana Paula Campoy, Carol Corrêa, Carolina da Mata, Deborah Nefussi, Eliane Carvalho, Milene Muñoz, Nina Molinero, Priscila Grassi e Vera Alejandra e pelo os músicosJony Gonçalves (guitarra), Luciano Camara (guitarra), Eugerio Romero (cante), Letícia Malvares (flauta), Luciano Khatib (percussão) e Pedro Fernandes (percusssão).
Casa cheia, ingressos esgotados e quem esteve lá vivenciou um momento encantador transmitido por todos os artistas – cada um com a sua particularidade merecedora de ser um integrante deste espetáculo de ouro.
Talegona com sua performance trouxe a essência da expressão “presença de palco”. Sua atitude flamenca e o domínio do compás são reflexos de uma artista completa que vive o presente em cena, que transmite vida ao público. Sua capacidade de fluidez, leveza, profundidade e naturalidade nos conduz a um momento que vai muito mais além de sua técnica altamente elaborada e única.
O Flamenco é uma arte de união dos povos, das culturas. Espetáculos como esse dão mais força e reafirmam que o flamenco no Brasil é digno respeito e admiração.
Acompanhe a entrevista com Carmen La Talegona.
De onde vem sua paixão pelo flamenco?
Desde muito pequena, se escutava muito flamenco em minha casa. Quando nasci já tinha muita vontade de bailar! Dizia sempre à minha mãe que gostava de dançar. Ela sempre me colocava de frente para o espelho para cantar e bailar. Fiquei maluca quando descobri que através dos movimentos poderia expressar a minha maneira de viver, a alegria, a tristeza, a paixão, ou expressar uma paixão.
Como se iniciou no Flamenco? O que lhe levou ao baile e o quê sente quando baila?
Minha mãe soube que havia vagas no Conservatório de Danza Espanhola e Arte Dramática de Córdoba. Ela me apresentou e consegui entrar e ter Flamenco com o grande coreógrafo Antonio Mondejar e com Javier la Torre.
A timidez me levou ao baile, mas depois descobri a maneira de projetar ao público o que sinto. Quando bailo, na verdade, quando entro e piso no palco, me transformo e nesse momento me sinto outra pessoa. Deixo-me levar pela música, pelas emoções, pela forma de sentir aquele momento, pela sensação daquele dia ser único.
Quais são as recordações de quando subiu em um palco pela primeira vez?
Na verdade, lembro que foi como um sonho, uma ilusão , entretanto com muito medo, pois comecei a fazer solos aos catorze ou quinze anos.
De quais fontes flamencas há bebido? Tem uma grande referência?
Tenho sorte em minha vida! Minha avó, meu tio e tia são Los Talegones; uma família de cantaores. E depois bebi e muitas fontes, como Matilde Coral, Javier de la Torre, Manolete, etc. Minhas grandes referências desde pequena, têm sido Carmen Amaya, Manuela Carrasco, Camarón, Paco de Lucia e Farruco.
Qual sua opinião sobre os trabalhos inovadores ou contemporâneos mediante ao que muitos chamam de “Flamenco Puro”?
Minha verdade é que eu respeito todos! Se é dessa forma que expressam o Flamenco, os respeito.
Gratidão pela entrevista e por sua amabilidade, e antes gostaríamos que nos respondesse: Como se traduz Carmen “La Talegona” em Flamenco?
Força e paixão.
Carmen La Talegona apresenta no Rio de Janeiro no Theatro Net Rio no coração de Copacabana nos dias 24 e 31 de agosto às 21h seu novo espetáculo junto ao projeto “Gesto Flamenco”.“Flamencura” é um espetáculo flamenco formado por Carmen La Talegona e grande elenco de bailaoras e músicos do Rio.