Altas y bajas pasiones desde España

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Que agradável surpresa tivemos na Espanha neste ano com o lançamento do primeiro CD do brasileiro Flavio Rodrigues. “Anyway” é, sem dúvida, um dos mais capazes e prometedores trabalhos dos últimos tempos no difícil mundo do violão flamenco. Tanto, que situa a figura deste jovem criador das Américas na vanguarda da nova fornada. Não só foram, por tanto, suas acertadas intervenções como compositor de baile ou suas excelentes classificações nos mais prestigiosos concursos. Aqui e agora vemos uma grande clareza de idéias e muita vontade de encarar de igual para igual aos de cima, com todas as razões de peso possíveis. Com “Anyway”, definitivamente, o flamenco pode se vangloriar de continuar somando valores provenientes do mundo todo.

Nada novo porque, se seguirmos a trilha, nos daremos conta que no Brasil concretamente, a tradição da guitarra flamenca é muito mais que um pontual músico de São Paulo.

Se por si só o país sul americano é um jardim para qualquer músico, independente da origem, a incessante atividade flamenca que abriga frutificou em numerosas escolas de baile e toque com uma criatividade invejável. Me vem à mente nomes como o de Rubem Dantas, verdadeiro iniciador de uma era no flamenco e sua instrumentação, ou Fernando de la Rua, grande guitarrista e trabalhador incansável na didática e extensão da estética flamenca em seu país. Só duas pontas da lança que leva atrás de si toda uma legião de entusiastas.

Que siga em frente porque sairemos ganhando todos os aficionados do mundo.

À corda da guitarra, e lembrando da importância de se voltar às raízes/origens, vou me dar ao luxo de recomendar um documentário. Não foi excessivamente citado, ainda que seja um material muito valioso, sobretudo para o guitarrista que está na casa dos quarenta anos e pode lembrar com nitidez do personagem em questão.”

“La Sombra de las Cuerdas” narra o caso de “Niño Miguel”, destacado tocaor de Huelva que, ainda hoje, é analisado e estudado como um dos principais nomes de sua geração. Com o testemunho de uma infinidade de guitarristas e pessoas próximas a ele, o documentário trata dos incidentes vividos por aquele que foi chamado para fazer frente ao próprio Paco de Lucía, considerando a igualdade de registros guitarrísticos.

Apesar de o tempo ter situado Manolo Sanlúcar como o perfeito complemento ao gênio de Algeciras, a forma de tocar de Miguel Vega de la Cruz, “Niño Miguel”, o tornou o rival mais direto e imediato de fiestas e concursos, por sua estética e soniquete gitano, sua espetacular técnica e o comum afã renovador desde a etnicidade e pureza de sua música.

Este documentário é uma exaltação da figura de “Niño Miguel” e também um toque de atenção aos flamencos, a sua memória e sensibilidade. Um grito desesperado para salvar do esquecimento um ser humano de fragilidade tão evidente quanto sua genialidade.

E a moral da história, acima de tudo, anunciada por seu sobrinho “Tomatito” em um momento de sua intervenção: “É possível ser um gênio tendo uma mansão”. Isso resume tudo.

Que ninguém se engane, porque outros artistas poderiam ir atrás de “Niño Miguel”. Não se é o maior por viver em piores condições ou por ter a liberdade de criar castelos no ar de tudo que poderia ter sido e não foi.

O flamenco tem que superar de uma vez por todas a compreensão, e até simpatia, com as condutas lesivas que as vezes adotam seus filhos. Boa parte de sua dignidade está em jogo. De nada serviria o trabalho e conquistas dos grandes artistas que elevaram e tiraram do ostracismo esta arte, se continuarmos vendo com indiferença a grandes artistas jogar pelo ralo das baixas paixões e a indiferença do próximo (que o aplaude), suas próprias vidas.

“La Sombra de las Cuerdas” deve servir a comunidade flamenca para aprender com o caso de um de seus mitos vivos e evitar que outros, muitos na mente de todos, repitam seu caso com ainda piores conseqüências.


Nota da tradução: Miguel Vega de la Cruz, “Niño Miguel”, nasceu em Huelva, em 1952. Apesar de uma carreira inconstante, é considerado um dos grandes tocaores do flamenco. O vício em heroína acabou afastando-o do circuito profissional. Hoje pode ser encontrado vagando pelas ruas de Huelva com sua guitarra de três cordas, com a qual consegue tocar o mais puro flamenco.

Altas y bajas pasiones desde España

Qué agradable sorpresa la que este año nos hemos llevado en España con la publicación del primer disco del brasileño Flavio Rodrigues. “Anyway” es, sin duda, uno de los más solventes y prometedores trabajos de los últimos tiempos en el difícil mundo de la sonanta. Tanto, que acrecientan la figura de este jovencísimo creador americano hasta situarle en la vanguardia de la nueva hornada. No sólo fueron, por tanto, sus acertadas intervenciones como compositor de baile o sus logradas clasificaciones en los más prestigiosos concursos. Aquí y ahora vemos una gran claridad de ideas y muchas ganas de tutear a los de arriba, con todas las razones de peso posibles. Con “Anyway”, en definitiva, el flamenco puede vanagloriarse de seguir sumando valores procedentes de todo el Mundo.

Nada nuevo porque, si uno va tirando del hilo, se da cuenta de que en Brasil concretamente, la tradición de la guitarra flamenca es bastante más que un puntual tocaor de Sao Paulo.

Si ya de por sí el país suramericano es un vergel para cualquier músico del origen que sea, la incesante actividad flamenca que alberga ha fructificado en numerosas escuelas de baile y toque con una cantera envidiable. Me vienen a la mente nombres como el de Rubém Dantas, verdadero iniciador de una era en el flamenco y su instrumentación, o Fernando de la Rúa, gran guitarrista y trabajador incansable en la didáctica y la extensión de la estética flamenca en su país. Sólo dos puntas de lanza que llevan detrás toda una legión de aficionados.

Que siga la racha porque saldremos ganando todos los aficionados del Mundo.

Al hilo de la guitarra, la cabra siempre tira al monte, me voy a permitir el lujo de recomendar el visionado de un documental. No ha sido excesivamente nombrado, aún tratándose de material muy valioso para el aficionado. Sobre todo para el guitarrista que supere los cuarenta y pueda recordar con nitidez al personaje en cuestión.

“La Sombra de las Cuerdas” radiografía el caso de “Niño Miguel”, sobresaliente tocaor onubense que, todavía hoy, es analizado y estudiado como uno de los principales valores de su generación. Con el testimonio de infinidad de guitarristas y personas cercanas a él, el documental trata las peripecias vitales de aquel que estuvo llamado a hacer frente al mismísmo Paco de Lucía, sobre la base de su igualdad de registros guitarrísticos.

Si bien los años situarían en Manolo Sanlúcar al complemento perfecto al genio de Algeciras; la forma de tocar de Miguel Vega de la Cruz lo hicieron rival más directo e inmediato de fiestas y concursos, por su estética y soniquete gitano, su espectacular técnica y el común afán renovador desde la etnicidad y pureza de sus toques.

Es este documental una exhaltación de la figura de “Niño Miguel” y a la vez un toque de atención a los flamencos, a su memoria y sensibilidad. Un grito desesperado por salvar de la quema a un ser humano de fragilidad tan evidente como su genio.

Y una moraleja por encima de todo, la que pronuncia su sobrino “Tomatito” en un punto de su intervención: “Se puede ser un genio teniendo una mansión”. Ahí está todo.

Que nadie se equivoque, porque otros artistas podrían ir detrás de “Niño Miguel”. No se es más grande por vivir peor o por dar lugar a crear los castillos en el aire de lo que pudo haber sido y no fue.

El flamenco tiene que superar de una vez por todas la comprensión y hasta simpatía con las conductas lesivas que a veces toman sus hijos. Buena parte de su dignidad esta en juego. De nada serviría el trabajo y logros de los grandes artistas que elevaron y sacaron del ostracismo este arte, si seguimos viendo indolentes a inconmensurables artistas tirar por la cloaca de las bajas pasiones y la dejadez del prójimo (que le da palmas), sus propias vidas.

“La Sombra de las Cuerdas” debe servir al gremio flamenco para aprender del caso de uno de sus mitos vivientes y evitar que otros, muchos en la mente de todos, repitan su caso con aún peores consecuencias.

Sobre Pablo San Nicasio

Pablo San Nicasio coordena a seção “al toque” da revista Acordes de Flamenco e escreve como crítico nos portais Jondoweb.com e Deflamenco.com. É colaborador especialista das revistas Doce Notas e El Canon e participa como jurado dos prêmios nacionais de crítica flamenca na Espanha. Faz parte do Duo Arte Linkado.