Que alegria quando me propuseram escrever para o Flamenco Brasil. Um novo site de flamenco que está emergindo como referência para todo um continente musical.
Realmente interessante o que Andressa, Luiza e suas companheiras estão fazendo para o flamenco mais além do Atlântico. Não desanimem, amigas.
Paco de Lucía sempre disse que para falar de músicos de verdade neste mundo era essencial começar pela arte dos cubanos e brasileiros. Concordo totalmente. Assim, minha alegria é maior. Alegria e gratidão por tudo que vem de lá.
Escreverei, para inaugurar, o que vejo por aqui e que talvez não se veja no Brasil. Embora possam intuir: a recessão, a crise,o desemprego, chamem como quiserem…. E a guitarra como uma luz para sair do túnel.
A questão econômica na Espanha tem atingido especialmente à cultura, como muitas vezes acontece quando as contas não fecham e gastos devem ser cortados de algum lugar. E, claro, faz parte. Não irei me escandalizar, porque é sem sombra de dúvida que a saúde, a educação e o emprego tenham prioridade, ainda que às vezes não pareça ser assim. E mais, sabendo que em muitos casos, a questão cultural teve privilégios demais, tendo em conta os maus resultados que às vezes foram dados.
No flamenco não poderia ser diferente. A crise econômica, muito aguda na Espanha, golpeou um mercado que parecia não ter parado de crescer desde os meados dos anos noventa. Mesmo antes disso, desde a morte de “Camarón de la Isla”, o impulso midiático e as vendas de flamenco foram ascendentes. Um furacão que tinha colocado esta música entre os programas mais populares do cenário cultural, não apenas para aqueles que vinham de fora. O Flamenco começou a ter um espaço que agora está completamente estabelecido e que vai muito além do mero slogan “Made in Spain”.
Basta olhar para os grandes festivais e verão que muitos deles têm uma vida relativamente curta. Ou, sem ir mais longe, o caminho dos grandes artistas, quando nos referimos ao cachê. A maioria (exceto Paco de Lucía), não chega a ter vinte anos no “auge”. Passam de repente da marginalidade ao estrelato, com todo o bem que isso implica, ainda que mal também, sobretudo em nível humano para aqueles que não podem suportar.
Com a situação atual puxou-se os freios, por um lado do número de shows, da resposta do público em geral e do cachê de grandes artistas. Este último, porém, em menor grau do que o esperado.
Além disso, a situação da indústria fonográfica está especialmente doente para cantores e violonistas, cujas obras são produzidas, principalmente através de suas próprias iniciativas e recursos, supondo que as vendas não serão nada mais do que algo secundário, algo em que não valerá a pena investir muito. Querendo a busca de prestígio no setor, o dinheiro, como dizemos, deverá ser ganho exclusivamente com direitos autorais ou em alguns casos, nas salas de aula.
No entanto, ainda que o flamenco tenha visto a grande falência da galinha dos ovos de ouro, que foram os subsídios do governo e patrocínios privados, não é menos verdade que o nível artístico do que sobe ao palco não decaiu na mesma medida.
Sem dúvida, é curioso o estado atual. Com todos os inconvenientes que possam ter, hoje há uma lista de cantores, bailarinos e guitarristas de um nível tal que não indicam uma asfixia do flamenco, muito pelo contrário. Enquanto se espalha, com certeza veremos uma nova “Edad de Oro” . O que não mata …
E por afinidades de vários tipos, me concentrarei sobre a situação da guitarra. Componente do flamenco no qual é mais perceptível a crise, já que foi também o de mais recente consolidação. Em muitos casos ainda sem estabilização definitiva de um modelo de espetáculo próprio. Estamos falando de economia.
Por outro lado, o conceito artístico criado e generalizado por Paco de Lucía criou um nível tal, que não existe outra forma conhecida para que o flamenco proponha o seu estilo de violão nos palcos. E isso requer um grupo com muitas pessoas, um mínimo pressuposto e uma capacidade mínima para que tudo seja viável. Números que muitas vezes, ainda mais agora, não cabem no orçamento. Se antes a guitarra flamenca não era muito rentável, agora menos.
Por isso, no conjunto “guitarrístico” estão optando por continuar com a aparência cênica indicada (cajón e baixo no mínimo, e o que acharem mais conveniente), com músicas que sejam um híbrido de muitas outras para atrair tantas pessoas quanto possível. Violonistas de todas as latitudes, o flamenco já é universal, se mostram hoje propensos a uma guitarra que combina a tradição com harmonias de jazz, som clássico, melodia pop, grandes doses de canto contagiante e quanto mais compasso, melhor. É esta uma guitarra que abrange a todos os solistas situados em um nível técnico mais do que perceptível, mas carentes, na maioria dos casos, de uma própria idéia, de um objetivo além da imitação. E não por falta de talento, mas porque os mestres das gerações anteriores (a do Paco, do Tomatito, do Vicente …) deixaram o caminho mais que “trilhado”. Nesse momento, é necessário fazer o dinheiro e esperar por tempos melhores.
É, portanto necessário, uma nova mudança de direção que possa atrair de novo às pessoas para oferecer algo novo.
E para isso é realmente necessário o encontro de uma série de figuras com a mesma força com a qual tiveram em seus dias (e ainda tem) Paco de Lucia e Manolo Sanlúcar.
Hoje, o protagonismo já corresponde ao Canito, Antonio Rey, José Manuel León, Jesús de Rosario e companhia. Atualmente sabemos que eles tocam como os anjos, mas ainda estamos à espera de que ressuscitem a música flamenca em si mesma. O canto e a dança (mais propensas à mistura do que à busca) vão agradecer. É uma questão de diminuir a pressão e ter paciência. Sejam otimistas, porque a necessidade aguça a criatividade, algo que nunca faltou aos flamencos.
Qué alegría cuando me propusieron escribir para Flamenco Brasil. Una nueva web para el flamenco que se está convirtiendo ya en referente para todo un continente musical.
Realmente interesante lo que Andressa, Luiza y sus compañeras, están haciendo por el flamenco más allá del Atlántico. Que no decaiga, amigas.
Paco de Lucía siempre dijo que para hablar de los músicos de verdad de este Mundo era imprescindible empezar por el arte de los cubanos y brasileños. Completamente de acuerdo. Por eso, aún más alegría por mi parte. Alegría y agradecimiento de todo lo que venga de allá.
Escribiré, para inaugurar, sobre lo que veo por aquí que quizá no se vea desde Brasil. Aunque puede que se intuya: el bajón, la crisis, el parón…llámenlo como quieran. Y la guitarra como luz que guiará la salida del túnel.
El asunto económico en España ha tocado especialmente a la cultura, como suele pasar cuando las cuentas no cuadran y hay que recortar de algún sitio. Y es lógico, que conste. No seré yo el que se rasgue las vestiduras (la camisa) porque es de cajón que la sanidad, la educación o el empleo tengan prioridad, aunque a veces no lo parezca tanto. Y más sabiendo que, en muchos casos, el asunto cultural había tenido demasiadas prebendas, teniendo en cuenta los mediocres resultados que se daban a veces.
Así que el flamenco no podía ser menos. La crisis económica, muy aguda en España, ha tocado un mercado que parecía no dejar de crecer desde mitad de los noventa. Incluso antes, desde la muerte de “Camarón de la Isla”, el impulso mediático y de ventas del flamenco había sido todo uno. Un huracán que había situado a esta música entre los espectáculos más solicitados del panorama cultural, y no sólo por los que venían de fuera. El flamenco empezó a tener un espacio que hoy está plenamente consolidado y que va mucho más allá del mero hueco que le daba el slogan “made in Spain”.
Baste mirar los grandes festivales y se podrá comprobar como muchos de ellos tienen una vida relativamente corta. O, sin ir más lejos, la trayectoria de los grandes artistas, en cuanto a caché se refiere. El que más (salvo Paco de Lucía), no llega a veinte años en la “cresta”. Se pasó, de repente, de la marginalidad al estrellato. Con todo lo bueno que eso conlleva, aunque también malo, sobre todo a nivel humano para quienes no pueden soportarlo.
Con la situación actual se ha echado el freno, por un lado al número de espectáculos, a la respuesta general del público y al caché de los principales artistas. Esto último, sin embargo, en menor medida de la esperada.
Además, la situación de la industria discográfica se hace especialmente dolorosa para cantaores o guitarristas, cuyos trabajos salen a la luz sobre todo gracias a su propia iniciativa y cartera. Dando por hecho que las ventas no serán nada más que algo secundario, algo que no merece la pena tener en cuenta. Primando la búsqueda de un prestigio en el sector. El dinero, como decimos, deberá ganarse ya de manera exclusiva en los directos o, en algunos casos, en las clases.
Aún así y a pesar de que el flamenco ha visto quebrar en gran medida la gallina de los huevos de oro que eran las subvenciones públicas o los patrocinios privados, no es menos cierto que el nivel artístico de lo que sale al escenario a día de hoy no ha decaído en la misma medida.
Estado interesante el actual, sin duda. Con todas las pegas que se quieran poner, hoy existe una nómina de cantaores, bailaores y guitarristas de tal nivel que nada hace prever una asfixia del poder flamenco, antes al contrario. En cuanto escampe, seguro que veremos una nueva “Edad de Oro”. Lo que no mata…
Y por afinidades de diverso tipo, me centraré en la situación de la guitarra. Parcela del flamenco donde se nota más la crisis puesto que era la de más reciente consolidación. En muchos casos aún sin asentarse definitivamente como un modelo de espectáculo propio. Hablamos de economía.
Por otro lado, el concepto artístico creado y generalizado por Paco de Lucía se ha hecho un hueco tal, que no existe otra forma conocida para que un flamenco proponga su estilo de guitarra en el escenario. Y eso supone un combo con bastante gente, un mínimo presupuesto y un mínimo de aforo para que todo sea viable. Números que muchas veces, ahora sobre todo, no cuadran. Si antes la guitarra no era muy rentable, ahora menos.
Por eso, en el cotarro guitarrístico se está optando por seguir con la apariencia escénica señalada (cajón y bajo como mínimo, luego pongan lo que crean conveniente) con músicas que sean un híbrido de muchas otras para atraer a cuanta más gente mejor. Guitarristas de todas las latitudes, el flamenco ya sí es universal, se muestran hoy proclives a una sonanta que aúne tradición con armonías jazzísticas, sonido clásico, melodía pop, amplias dosis de cante pegadizo y cuanto más compás mejor. Es esta una guitarra que abarca a todos los solistas situados en un nivel técnico más que notable, pero carentes en la mayoría de los casos de una idea propia, de un objetivo más allá de la imitación. Y no por falta de talento, sino porque los maestros de las generaciones precedentes (la de Paco, la de Tomatito, la de Vicente…) lo han dejado todo más que “trillado”. Eso y que, de momento, es necesario hacer caja y esperar tiempos mejores.
Se hace por tanto necesario un nuevo golpe de timón que pase por atraer de nuevo a la gente ofreciendo algo nuevo.
Y para eso se antoja necesaria la conjunción de una serie de figuras con la misma fuerza que la que tuvieron en su día (y tienen aún) Paco de Lucía o Manolo Sanlúcar.
Hoy el protagonismo ya le corresponde a los Canito, Antonio Rey, José Manuel León, Jesús de Rosario y compañía. De momento sabemos que tocan como los ángeles, pero seguimos a la espera de que resuciten la música flamenca en sí misma. El cante y el baile (más proclives a la mezcla que a la búsqueda) se lo agradecerán. Es cuestión de quitarles presión y de tener paciencia. Sean optimistas porque la necesidad agudiza el ingenio, y de lo segundo, los flamencos siempre anduvieron sobrados.