“Quando bailo me sinto plena e realizada”
Domínio do movimento, simetria, leveza, graciosidade e um sorriso quase angelical. Esses são alguns dos elementos presentes no baile de Concha Jareño.
A bailaora espanhola de Madri chegou ao Brasil na semana passada a convite do Festival Internacional de Flamenco organizado por Ana Guerrero e Talita Sanchez. Concha Jareño encantou e continua encantando os flamencos brasileiros com sua forma de ensinar e de bailar. Aplausos incessantes marcaram presença no espetáculo “Simplemente Flamenco” apresentado pela primeira vez em São José dos Campos no último domingo.
O site Flamenco Brasil conversou com a bailaora, que se disse muito animada com o Festival Internacional de Flamenco. “Vamos fazer um curso diversificado, onde trabalharemos Palillos, Mantón, Abanico, Bata de Cola. Também diferentes tipos de cantes como Las Rosas ou Las Marianas que são cantes praticamente em desuso. Sei que no Brasil há um nível alto e muita “aficción” pelo Flamenco. Espero desfrutar desse país e que o público e os alunos desfrutem e aprendam ao máximo. O resto está por vir…”
Concha Jareño começou a bailar flamenco por casualidade. Sua amiga de infância iniciou as aulas de sevillanas e Concha, aos nove anos, foi atrás dela para não ficar em casa… Nos conta que se apaixonou pela arte desde a primeira aula e aqui está até hoje. Logo seguiu os estudos e se formou na Escola de Danza Elena Fernández em Dança Espanhola. Depois foi para Amor de Dios, onde estudou com muitos Mestres, como La China, Cristóbal Reyes, La Tati e Pedro Azorin.
A bailaora é uma das jóias da Espanha. Não só de sua terra natal, mas segue espalhando sua arte pelo mundo. Já esteve em diversos países da Europa e agora temos a oportunidade de tê-la aqui. Ganhou diversos prêmios, como de melhor coreografia no Certamen de Coreografía de Danza Española y Flamenco de Madrid e fazem parte de sua trajetória importantes festivais e tablados reconhecidos. Em 1998, fez parte da Companhia de Rafael de Córdoba, seguiu com Yolanda Heredia e Belén Maya em “Mujeres al borde de una bata de Cola” e com Rafaela Carrasco em “La música del Cuerpo” e “Otra Mirada del Flamenco” .
Com o passar do tempo, foi desenvolvendo seu próprio estilo e uma sua forma de ver e fazer Flamenco.
O que é dança para você? E Flamenco?
A dança e o Flamenco são formas de expressão e comunicação como todos os demais.
O que sente quando baila?
Quando bailo sinto libertadade; me sinto plena e realizada.
Qual sua visão sobre o Flamenco no cenário contemporâneo? Pensa que sua arte e seu trabalho está inserido neste contexto?
O Flamenco dentro da linguagem contemporânea ainda tem que crescer muito e a considero como uma dança paralela ao Flamenco Tradicional. O Flamenco é minha linguagem “materna”, portanto, todas as danças que executo sempre terão essa essência. Porém, quando decido bailar Flamenco tradicional me centro na tradição.
Em quais que fontes flamencas buscou inspiração?
De todas que tive oportunidade; não me fecho a nada nem a ninguém.
Nos conte um pouco sobre o último filme de Carlos Saura, Flamenco Hoy. Como foi trabalhar com este gênio? Você teva a oportunidade de criar e interpretar sua arte?
Carlos Saura é uma pessoa muito intimista e próxima e te faz sentir segura e tranqüila. No entanto, não tive a oportunidade de criar minhas próprias propostas, já que na montagem do espetáculo havia coreógrafos que desempenhavam esse papel.
É possível bailar sem “duende”?
Bom, sem “duende” deixa de ser uma arte para se transformar em um simples exercício físico.
Concha Jareño estará no Brasil até dia 18 de Setembro. Ela continua em São José dos Campos ministrando cursos, e logo seguirá para Campinas e depois para São Paulo.